No meio do caminho, tinha um colégio…
Germano Cord Neto, SJ
Chegando de outras paragens, deparo-me com um colégio da Companhia de Jesus. Pergunto a mim mesmo e, certamente, nesta pergunta estou acompanhado de vocês, pais, professores, colaboradores e alunos, imersos dia a dia nesta experiência: “O que é um colégio da Companhia?”. Nós temos nossas vidas implicadas neste local. Para a família, porque o filho ou a filha passa boa parte do dia aqui e recebe uma parcela importante de sua educação. Para professores e demais colaboradores, além de ser espaço de trabalho, este colégio pode ser também lugar de realização. Para o jesuíta, a razão de ser como tal, cumprindo sua missão de servidor na missão de Cristo e da Igreja. Sou interpelado, sim, pelo local aonde cheguei, pois minha vida foi redirecionada para cá. Assim, queremos todos saber, de modo especial, o que atualmente se vive e se experimenta no Colégio Loyola.
O caminho mais curto seria discorrer sobre as instalações, os projetos pedagógicos, a boa avaliação do Colégio na sociedade, e assim por diante. Parâmetros, medidas, conceitos. Isso tudo compararíamos com outros colégios e outras experiências, e daí tiraríamos conclusões e bradaríamos assertivas. É certo que problemas e dificuldades por um lado, ou possibilidades e caminhos por outro, se apresentam diante de nós. Mas como compreender o que é o Colégio Loyola, de modo que vitalmente estejamos implicados nesta descoberta, para além do programa de ensino, das horas marcadas, da mensalidade paga, ou do salário recebido?
Agora sim, a metáfora do caminho nos servirá. Quero refletir sobre o caminho que me trouxe de outras paragens e que cruzou o caminho de vocês. O caminho agora é de encontros, de cuidado, de colaborações, de direção e de pastoreio de uma comunidade educativa católica e jesuítica. Certamente, teremos muitas passagens, muitas chegadas, perspectivas altas e baixas, conforme o relevo. Mas sempre há uma primeira chegada. Chegando a algum lugar, olha-se, sente-se, escuta-se. Há uma estranheza, mas procura-se familiaridade: sendo um jesuíta, busco a linguagem inaciana, um certo modo de proceder e de se ensinar. Aquilo que encontro me interpela, revolve minhas experiências, me provoca a reflexão, me convoca para a ação e me faz avaliar e reavaliar: cada conversa, cada decisão, cada movimento meu terá consequências sobre o trabalho de alguém, sobre a formação de outrem. Que bom que a Companhia que me enviou está presente. Aqui, a presença está no espírito de tantos que, através dos anos, dedicaram-se a este trabalho e guardam a memória. A presença está no modo de se fazerem as coisas, nas marcas das paredes, nos monumentos. Essa presença me guiará. Mas não basta, pois melhor ainda é que a Companhia se diz de Jesus. De pronto, essa confissão nos impele a voltar nossos olhos para Ele, em busca de direção, de perdão, de ânimo. No meio do caminho, tinha um colégio; no meio do colégio, estamos nós. Que nossos olhos nunca se esqueçam da comunidade que juntos construiremos. A memória será viva, porque vimos algo de bom acontecer.