Cuidado e diálogo
Mesa-redonda aponta caminhos para lidar, de forma responsável, com os sinais de alerta por trás de recentes polêmicas na mídia e na internet
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Ideias de morte não são “coisas de adolescente”! Manifestar pensamentos sobre isso não significa apenas que o jovem está querendo “chamar a atenção”, mas pode ser, sim, um sinal de alerta para os pais de que o filho está precisando de ajuda.
Embora delicados, temas como esses, ligados à depressão e à ideação suicida entre crianças e jovens precisam ser colocados em pauta. E, de acordo com o psiquiatra Humberto Corrêa, “o primeiro passo é ter coragem para falar sobre esses assuntos”. Pensando nisso e em uma forma responsável de colaborar com os pais na orientação dos filhos sobre polêmicas que tomaram conta da mídia recentemente, como a série “13 reasons why” e o jogo “Baleia Azul”, o Colégio Loyola, por meio de uma parceria da Associação de Pais com o Núcleo de Educação para a Paz, realizou, no último sábado, a mesa-redonda “Cultura de paz: convivência pela vida”.
Durante o encontro, a pediatra e hebiatra Valeria Barbosa de Andrade abordou questões relacionadas ao comportamento na adolescência, fase considerada “uma das mais delicadas transições” na vida de uma pessoa. Ela apontou algumas condutas que merecem o cuidado da família: isolamento, agressividade, queda no rendimento escolar, perda de apetite, pensamento desagregado ou desconexo, delírios e alucinações, além da automutilação.
A relação com a tecnologia e as mídias sociais foi outro ponto importante da agenda do evento, que contou com a participação de aproximadamente cem pessoas, entre pais e educadores. “Internet demais faz, sim, muito mal à saúde”, afirmou a psicóloga Nádia Laguardia. Para o adolescente, esse pode ser um espaço de construção da identidade, mas também um recurso para lidar com a solidão proveniente da ausência dos pais e da falta de atividades interessantes na vida real. Segundo a psicóloga, a dificuldade para se desconectar pode trazer problemas como dispersão e fechamento ou, ao contrário, uma exposição exagerada que coloca a intimidade do jovem em risco.
De maneira geral, os profissionais concordam que a melhor atitude é abrir espaço para o diálogo na família, ofertando à criança e ao adolescente oportunidades em que ele possa falar e ter certeza de que está sendo ouvido. Presidente da Associação Latino-americana de Suicidologia e da Associação Brasileira para o Estudo e a Prevenção do Suicídio, Humberto Corrêa fez ainda uma advertência aos adultos diante da divulgação de casos concretos de suicídio: “existem formas adequadas e catastróficas de falar sobre o assunto. Fazer piadas, postar fotos e explicar o método utilizado são as piores, pois têm o efeito de contágio”, completou.
A mesa-redonda contou com a participação da professora Isabel Santana, que apresentou as atividades do Núcleo de Educação para a Paz do Colégio Loyola, instância que tem como objetivo a melhoria real na convivência cotidiana e no processo educativo. O Centro de Valorização da Vida (CVV) também marcou presença, com a distribuição de material educativo e exibição de vídeos.
Ficou interessado(a), mas perdeu a palestra? Então, fique ligado(a)! Em breve disponibilizaremos o vídeo do evento no canal da TV Loyola no Youtube.