
Exposição Portinari
Raízes do Brasil, Sementes do Amanhã
Portinari pintava como quem plantava: com a alma manchada de terra e o coração
atravessado de futuro. Suas cores nasceram do chão batido das vilas, do pó vermelho
das roças, da poeira dos sonhos que insistem em nascer onde faltam estradas.
“Raízes do Brasil” são mais que memória — são corpos curvados de tanto trabalho,
são mãos pequenas empinando pipas, são os cantos de um Brasil que resiste no
batuque, na reza, no barro e na esperança. “Sementes do Amanhã” são a promessa
teimosa de um tempo que há de vir: onde brincar seja direito, onde a floresta respire,
onde a infância floresça inteira.
Três fios sustentam este tear: os povos originários, que nos legaram o primeiro gesto
de cuidado; o meio ambiente, que geme e germina; e as brincadeiras, que devolvem à
criança o mundo que lhe roubaram. Não são temas — são territórios de existência.
Nesta travessia, Portinari caminha ao lado dos que foram silenciados, pintando não
apenas o que viu, mas o que ainda precisa ser visto. Sua obra toca os corações da
Agenda 2030 da ONU: porque falar de arte é também falar de justiça, de equidade,
de futuro partilhado.
Portinari nos lembra que o Brasil ainda está sendo desenhado — e que cada traço
pode ser um grito de vida, uma fresta de sol, uma estrada aberta: onde caibam mais
terra, mais infância, mais sonho e mais gente.
Projeto Portinari
Portinari e o Colégio Loyola
Cândido Portinari (1903-1962) é considerado um dos maiores artistas brasileiros de todos
os tempos, impressionando-nos a atualidade dos temas apresentados em suas obras. É
admirável a diversidade de seus trabalhos e a capacidade do artista em atingir públicos de
diferentes gerações. Inventariar Portinari não é uma tarefa fácil. Menino, entre pipas e cata-ventos, o pintor resgata traços de nossa infância, ao sabor do vento, por muitos caminhos,
inventando e convidando-nos a reviver memórias atualizadas de nossos afetos, resgatadas
por muitas temáticas. Das brincadeiras de roda, em cores vibrantes, à fauna e à flora de
nossas florestas e matas, a expressividade de suas pinceladas transpõe, ainda, para as telas
injustiças sociais do país que se arrastam desde nossas origens mais distantes à
contemporaneidade.
Trata-se, assim, de um educador por excelência. E o Colégio Loyola, inaugurado em 1943,
acompanhou o contexto do Brasil apresentado nas telas de Portinari. Naquela época, o
pintor paulista desenvolvia uma série de pinturas de paisagens castigadas pela seca. Em
1944, por exemplo, no ano seguinte à nossa fundação, surgiam as telas “Retirantes” e
“Criança Morta”, que ocupam lugar de destaque na vasta obra do artista, composta por mais
de 5.000 produções.
No intuito de celebrar essa comunhão de perspectivas e atitudes humanizadoras do sujeito,
o Colégio Loyola, há algum tempo, deu a uma de suas salas de arte o nome do artista: “Sala
Portinari”. Com essa homenagem ao grande mestre brasileiro, desejamos despertar em
nossos estudantes um olhar sensível e atento à necessidade de transformação do meio
social em que vivemos, quando pretendemos inspirar os cidadãos globais que formamos
integralmente para mais amar e servir. Ser mais para os demais também se aprende, mais
ainda quando experimentamos que podemos ser mais com os outros.
A exposição “Portinari: Raízes do Brasil, Sementes do Amanhã” apresenta, em 29 telas, uma
narrativa social e ambiental de um Brasil que merece nossa atenção e cuidado. Convidamos
você a se aventurar em uma leitura envolvente e crítica, a partir de elementos simbólicos
que contrastam com o cenário de um tempo passado, ainda presente, e que nos move a
trabalhar por um futuro mais justo e cheio de esperança para todos
Amanda Lopes – Curadora
Pe. André Araújo, SJ – Diretor-Geral

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